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António Augusto Pinto Dias de Freitas (Industrial; fundador da Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, Lda., Vila Nova de Gaia)

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António Augusto Pinto Dias de Freitas (Industrial; fundador da Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, Lda., Vila Nova de Gaia)

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Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

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Código de referência

PT/PR/AHPR-CH/CH0101-CH010101/D200716

Título

António Augusto Pinto Dias de Freitas (Industrial; fundador da Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, Lda., Vila Nova de Gaia)

Datas de produção

1943-06-30  a  1958-03-01 

Dimensão e suporte

1 capa

Âmbito e conteúdo

Comendador da Classe de Mérito Industrial.

Cota atual

CH.D20716

Cota depósito

D20716

Cota antiga

1167

Unidades de descrição relacionadas

A Fábrica Cerâmica do Carvalhinho foi fundada em 13 de Novembro de 1841por Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino, tendo adoptado como nome de firma "Thomaz Nunes da Cunha & Cª". Instalou-se na Capela do Senhor do Carvalhinho (que deu o nome à empresa), enquanto o forno e as oficinas funcionavam em alguns barracões anexos à fábrica. Por esta altura, a sua produção era modesta. Em 1848, encontramos a fábrica associada ao depósito de louças da Rua da Esperança, liderada por Rocha Soares, e emprega na altura cerca de 35 operários. Em 1853, é adquirida a Quinta do Carvalhinho, começando a empresa a expandir as suas instalações fabris e a vincar a sua posição no mercado, exibindo já um alto nível de qualidade na sua produção cerâmica. Em 1869, Tomás Nunes da Cunha torna-se o único proprietário da empresa, mas a nova firma continua a ser conhecida no mercado como Fábrica de Louça e Azulejo do Carvalhinho. Em 1878, um ano depois de ter solicitado a construção de um edifício de armazéns e habitação junto ao rio Douro, Tomás Nunes da Cunha entrega a fábrica ao seu genro João Camilo Castro Júnior e é sob esta nova liderança que o Carvalhinho participa, em 1882, na Exposição de Cerâmica da Sociedade de Instrução do Porto, obtendo o diploma de mérito em faiança de 2ª classe e na secção de azulejos. Alguns anos depois, João Camilo Castro Júnior dá sociedade a António Neves Dias de Freitas, sendo a firma alterada para o nome de "Castro Júnior e Dias de Freitas"; o filho de António Neves Dias de Freitas, António Augusto Pinto Dias de Freitas, toma então a direcção técnica da fábrica. Os novos empresários ampliam as instalações da fábrica, munem-na de operários de competência especializada e notável qualidade e colocam à sua disposição tecnologia apurada; em consequência, a produção cresce em quantidade e qualidade e é nestas condições que o Carvalhinho participa novamente em exposições cerâmicas onde vê reconhecido o seu mérito: em 1897, na Exposição Industrial Portuense, obtendo novas menções honrosas; e em 1901, na Exposição de Cerâmica do Palácio de Cristal, obtendo Diploma de Medalha de Ouro. Em finais de 1899, aquela sociedade é dissolvida, assumindo António Neves Dias de Freitas o seu activo e passivo sob o nome de "A. N. Dias de Freitas & Filhos". É com os Dias de Freitas que o Carvalhinho se torna um grande centro cerâ- mico. No início do século XX, a empresa continua a beneficiar da introdução de melhoramentos na produção (a ampliação das instalações e a modernização da parte técnica são requeridos à Câmara em projecto apresentado em 1911) atingindo os seus produtos um alto nível de produção artística e distinguindo-se na produção de «faiança de vidrado estanífero e faiança de vidrado plumbífero». Estavam assim reunidas as condições para que o Carvalhinho se tornasse uma das maiores marcas cerâmicas de Portugal, o que, porém, só viria a acontecer em Gaia, onde António Augusto Pinto Dias de Freitas construiu um grande complexo que sucedeu à fábrica da Fraga: o Carvalhinho viveu ali, a partir de 1923, o período áureo do seu desenvolvimento, no volume das suas peças e na grandeza da sua laboração e expansão fabril. Gaia era já uma, nessa altura, uma localidade famosa pela cerâmica, com muitas fábricas e operários e artistas cerâmicos de qualidade; aí, desde a segunda metade de Oitocentos, o fabrico de azulejo de revestimento conhecera um grande impulso a partir da Fábrica Cerâmica das Devesas. Desta tradição cerâmica se aproveitaria o Carvalhinho que dela retiraria parte do seu sucesso. Na Quinta do Arco do Prado, em terreno adquirido à família do Conde das Devesas, junto à via-férrea, e situado a algumas centenas de metros da Estação das Devesas, na Rua José Falcão, n.º1(17), inicia-se, em finais de 1922 a construção do novo complexo fabril, segundo modelos de cerâmicas inglesas e alemãs. A nova empresa "A. Pinto Dias de Freitas, Lda." dotaria a fábrica de Gaia das mais modernas instalações, maquinaria e tecnologia da época, deixando os artigos de cerâmica de decoração e de construção de ser produzidos segundo métodos tradicionais para passarem a ser fabricados com técnicas e maquinismos mais especializados e modernos,que resultavam numa obra mais perfeita e mais modernaTambém na produção de azulejos decorativos o Carvalhinho atingia a excelência. Na fábricade Gaia, a tradição na produção de mosaicos foi continuada e aperfeiçoada com novos padrõese motivos, atingindo uma fama nunca antes conhecida. Entre 1930 e 1960, foram adquiridas na fábrica vastas superfícies de azulejos Carvalhinho que cobriam pavimentos paredes de edifícios públicos e privados, contando com artistas talentoso da azulejaria Vila Nova de Gaia torna-se o centro nacional de produção de azulejos e de louça decorativa. No entanto, o volume do investimento realizado ao longo dos anos trouxe graves dificuldades financeiras à empresa; a solução passou em 1930 pela associação da Fábrica do Carvalhinho à Real Fábrica de Louçade Sacavém, empresa que gozava de um grande prestígio internacional e que passou a dominar a unidade vilanovense: a sede da agora Fábrica Cerâmica do Carvalhinho S.A.R.L. transferiu-se para Sacavém sob a direcção de Herbert Edward Over Gilbert, ficando António Augusto Pinto Dias deFreitas como sócio-gerente na unidade de Gaia. Em 1953 ainda se mantinham os dois sócios-gerentes: Herbert Gilbert e António Augusto Pinto Dias de Freitas.Desta operação o Carvalhinho sairia altamente beneficiado e a cerâmica conheceria então a sua idade de ouro com renovação de instalações e modernização de processos, mantendo-se a qualidade dos seus produtos, a categoria dos seus artistas e a exportação de artigos cerâmicos. Em 1940 é comemorado o centenário da fábric, num momento em que oCarvalhinho continuava a produzir e a vender, empregava muitos empregados e ceramistas e mantinha elevado o seu padrão de qualidade. Como o negócio se mantinha atractivo, em 1948, procede-se à ampliação das instalações da fábrica e num aditamento à empreitada, apresentado à Câmara em 1949, foi pedida e autorizada a construção de uma sala de exposição no interior das novas instalações, sinal do orgulho que os seus gerentes sentiam da sua obra. Em 1956, procedem-se a novos investimentos no melhoramento, ampliação e segurança das instalações.No virar da metade do século, as instalações do Carvalhinho eram únicas em Portugal, quer em grandeza, projecção industrial, mestria e modernidade da produção, quer em volume de vendas para Portugal e para o estrangeiro. Após a morte do seu 2º fundador, em 6 de Janeiro de 1958, a empresa passa a debater-se com conflitos internos a e não mais veria gestores da cepa de António Augusto Pinto Dias de Freitas,entrando em decadência a partir de meados da década de 60 e sofrendo uma morte lenta desde o 25 de Abril até ao final do século XX. O lugar deixado em aberto foi ocupado porFrederick Warren Sellers (que já ocupava umcargo de gerência pelo menos desde 1953 e por António de Almeida Pinto de Freitas (filho). Se Sellers era um homemrespeitado e considerado pelos trabalhadores, já António Almeida de Freitas indispõe-se contra ele e Sellers acabaria por sair em 1965. Neste ano, os dois irmãos Pinto de Freitas (António Almeida e Manuel Almeida) adquiriam à Fábrica de Sacavém a sua parte no capital da empresa e tentam dar novo impulsoà fábrica através de uma política de investimentos (aquisição de equipamento fabril parasuprimir mão-de-obra e reduzir os custos defabrico) baseada na colaboração com firmas estrangeiras. Em1967 foi estabelecido um acordo com a firma Villeroy & Boch Mettlach-Sarre (a maior produtora mundial de produtos cerâmicos) para apoio técnico, melhoria da qualidade da produção, aquisição de novos equipamentos eexpansão das exportações e no ano seguinte iniciou-se a ampliação do equipamento tecnológico da fábrica Viviam-se tempos promissores (apesar de oslucros obtidos nestes anos se destinarem aindaà dívida contraída na década anterior), de que é prova a abertura em 29 de Julho de 1968 da filial do Carvalhinho em Lisboa. No entanto o investimento, - contrariamente ao previsto, trouxe grandes dificuldades técnicas e financeiras e o aumento de produção previsto teve de ser adiado, num momento em que a marca "O Carvalhinho" passa a ter de lidar com uma forte concorrência interna movida por novas empresas cerâmicas mas, também, pelo advento do plástico que,no início dos anos 70 do séc.XX, determinou o desinteresse do mercado pela cerâmica funcional e artística. Por outro lado, o condicionalismo industrial que vigorava no Estado Novo, originou que o "lobby" da Vista Alegre de Ílhavo impedisse a criação de novas fábricas de porcelana, material que era pretendido pelas cerâmicas do Porto e Gaia para substituir a faiança, menos robusta e económica. impossibilitando a renovação técnica das empresas portuenses e condenando-as à decrepitude face à concorrência do pirex e plástico. Como último recurso para a sobrevivência foram colocadas à venda partes da propriedade da Quinta do Arco do Prado onde se tinha instalado a fábrica em 1923, mas aoperação foi interrompida pelo 25 de Abril de 1974 e resultou em nada. Os capítulos finais do Carvalhinho, enquanto fábrica cerâmica, escrevem-se em Maio de 74 quando a fábrica, já numa fase de decadência irreversível, é adquirida em hasta pública por Serafim de Andrade. A nova gerência tenta fazer ressurgir o Carvalhinho, mas as intransponíveis condições do mercado interno impediram qualquer tipo de ressurreição da fábrica. Assim, 3 anos volvidos, em 1977,a Fábrica Cerâmica do Carvalhinho encerrava assuas portas, 137 anos após a sua abertura.