Relatório e Contas de Gerência 1968 - Comissão de Evacuação, Tratamento e Recuperação de Crianças Vítimas da Guerra

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Relatório e Contas de Gerência 1968 - Comissão de Evacuação, Tratamento e Recuperação de Crianças Vítimas da Guerra

Detalhes do registo

Nível de descrição

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Código de referência

PT/PR/AHPR/GB/GB0205/1755

Tipo de título

Formal

Título

Relatório e Contas de Gerência 1968 - Comissão de Evacuação, Tratamento e Recuperação de Crianças Vítimas da Guerra

Datas de produção

1969-01-02  a  1969-01-02 

Dimensão e suporte

1 livro numa caixa

Extensões

1 Livro

História administrativa/biográfica/familiar

Biafra foi o nome dado à região sul oriental da Nigéria ao auto-proclamar a sua independência deste país no dia 30 de maio de 1967. A República do Biafra subsistiu como Estado até ao dia 15 de janeiro de 1967, na sequência da capitulação oficial no dia 12 de Janeiro perante as forças nigerianas. No momento da sua constituição, o Biafra ocupava cerca de 76.400 km2, com uma população de 13 milhões de habitantes, metade dos quais de etnia Ibo, pertencentes à minoria católica e alvo de perseguição por parte dos maometanos do Norte.Em janeiro de 1966, um primeiro golpe de Estado intentado por oficiais nigerianos de etnia Ibo teve resultados sangrentos e breves. Entre maio e setembro do mesmo ano, grupos de emigrantes ibos foram objeto de assassínios em massa no Norte do país. A maior parte dos 8 milhões de ibos da Nigéria viviam na chamada Região Oriental, governada pelo Tenente Coronel Chukwuemeka Odumegwu Ojukwu e foi este que declarou esta região como Estado independente, localizando a sua capital em Enugu, enquanto que as suas tropas começaram a confiscar todos os recursos federais do Estado nigeriano. O Biafra foi reconhecido por cinco países: Gabão, Haiti, Costa de Marfim, Tanzânia e Zâmbia. Nações que não estabeleceram relações oficiais, apoiaram o Biafra de outras formas: foi o caso da França, de Portugal (do Governo de Salazar), da Rodésia e da África do Sul que providenciaram apoio militar (clandestino) e financeiro. Terá sido eventualmente o apoio da África do Sul (com o seu regime de Apartheid) e de Portugal (potência colonial em África) que terá dissuadido o apoio de um número maior de estados africanos à causa do Biafra.Durante 3 anos, a região do Biafra foi arrasada pela guerra e pela fome. Com a fuga do líder Ojukwu, o novo Estado viria a claudicar perante as forças do general Yakubu Gowen em 1970, sendo reintegrado na Nigéria. Crê-se que o conflito terá custado a vida de 800.000 a 1,5 milhão de pessoas, vítimas da fome e de doenças, sendo que os 3 anos de guerra foram sustentados pela própria internacionalização do conflito e a posterior intervenção das grandes potências mundiais no apoio a uma e a outra partes, considerando os interesses estrangeiros numa região rica em minérios e, sobretudo, em petróleo.Nos últimos meses da guerra, o desembarque de mulheres e crianças esfomeadas em São Tomé, salvas pela ponte aérea dirigida pelas igrejas cristãs, viriam a despertar a solicitude de fotógrafos de todo o Mundo.Em Portugal, por despacho n.º 28/68, de 10 de setembro de 1968 - do Governo da Província de São Tomé e Príncipe, era criada a CETERC - Comissão de Evacuação, Tratamento e Recuperação de Crianças Vítimas da Guerra, para auxílio de crianças de território vizinho, por alturas da chamada "Guerra do Biafra". Esta Comissão incluía 2 órgãos: os Serviços de Saúde e Assistência - para apoio ao tratamento e recuperação das crianças acolhidas - e os Serviços de Tesouraria e Contabilidade - para administração dos fundos colocados à disposição da Comissão.Desde julho de 1968 até janeiro de 1970, a Joint Churches Aid (Ajuda Conjunta das Igrejas) organizaram desde São Tomé uma ponte aérea humanitária - a operação Air Lift - que resultou num esforço fantástico para manter mulheres e crianças vivas. Graças à perícia dos pilotos de diferentes nacionalidades em perigosos voos noturnos, burlando a artilharia nigeriana, foi possível abastecer no mais básico os assediados biafrenses e os aviões da JCA fizeram inumeráveis viagens participando na evacuação da população indefesa, onde o genocídio era certo.Os coordenadores do JCA, as autoridades da ilha e a população civil empregaram-se a fundo no operativo da ajuda humanitária. O porto e o aeroporto de São Tomé registaram uma atividade tão intensa como nunca por lá tinha acontecido: o mercado encheu-se de cooperantes, religiosos, médicos, comerciantes e militares, mas também de aventureiros, mercenários, contrabandistas e especuladores, vindos dos lugares mais remotos do planeta. São Tomé converteu-se naquela altura num verdadeiro centro de apoio internacional.Atualmente os restos de dois dos aviões utilizados nessa ponte humanitária, dois "Lockheed Constellation" ("Connies"), abandonados às inclemências do clima desde o fim da guerra, são os testemunhos silenciosos desse episódio, quase esquecido, da história contemporânea de São Tomé e da África Ocidental.http://stpxbiafra.saotomeprincipe.eu/https://pt.wikipedia.org/wiki/Biafra

Âmbito e conteúdo

Original com todos os documentos de receita e despesa das estruturas de apoio a crianças vítimas da guerra do Biafra (1967-1970)

Cota atual

GB.1755

Cota depósito

1755

Idioma(s)/escrita(s)

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